10.11.11

Parte 1 / Part 1 MAMMA MIA

Canção da semeadura

Räkna lykliga stunderna blott
(Conta só os bons momentos)

O Narrador:         
Noruega, 1945. 


Num porto do mar do Norte
um barco parte um coração...


Uma garota tímida 
no tumulto do cais
esconde emoções
como se ali fora demais.

A garota:
-- Precisa ser o amor dissimulado?
E por que me esquivo como uma ladra
se estou entre minha gente?

Alguem me deu a paz
numa hora atribulada
Alguem me protegeu 
e me deu mais
que a solidão e o nada.

Eu era jovem e sonhadora
das promessas do futuro
sem saber que o sonho puro
é proposta atemporal.
Então o amor me deu o presente
que palpita em meu ventre
e, não era nem Natal!

..."é a semente do invasor"
julgar-me, alguem há-de;
mas na noite da guerra não há saber
quem me ama ou quem me invade.


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Da azáfama do cais
às brumas da enseada,
em névoas se desfaz
um barco em retirada,


...o inimigo se descarta.

Maldito ao chegar,
mas agora que não parta.

Acena-me discreta
(sei que é para mim)
a mão de um soldado.
Entre aqueles derrotados
o vencedor de mim. 
Mas a minha mão escusa,
imóvel, não me acusa
o "crime" de ser mulher.

"Eu voltarei", ele disse,
apertando-me os ombros.
Uma quase esperança
na alma em escombros.

Ó! Engano!... não fale
à brisa do crepúsculo
que alegra meus cabelos
à sombra do meu xale.
Em tempos escuros
promessas para breve
só as cumpre o vento norte,
o precursor da neve
que congela os meus ais
em gotas de cristais.

Ele não disse, mas eu sei
que de volta alguem o quer...
é contra minha lei
pensar minhas feridas
com a dor de outra mulher.

Que se fechem as cortinas
dessa história sem final.
E esse barco, entre neblinas,
que esfuma os meus sonhos
sobre as águas desse mar,
leve também com ele 
minhas mágoas de amar!


TRANSLATION



Song of sowing


Narrator:
Norway, 1945.


In the port of the North Sea
a ship to break a heart...


A timid girl
in the tumult of the dock
hid emotions
as if were too much.


Girl:
--- Must be hidden love?
And I equal an fugitive thief
if I'm among my people?


Someone gave me peace
in troubled hours.
Someone protected me
and gave me more
that loneliness and nothingness.


I was young and dreamy
for promises of the future
without knowing that pure dream
is atemporal proposal.
Then love gave me a gift
which alive in my womb
and it was not Christmas yet!


... "it's seed of the invader"
someone will judge me;
but in night of war there isn't know
whom loves me or whom invades me.


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From bustle of the pier
to the mists of bay,
vanishes in mist
a boat in retreat ...


...the enemy escapes.


Damned on arrival,
but now don't go away.


Prudent nods me
(I know it is for me)
the hand of a soldier.
Among those defeated
the winner to me.
But my hand,
motionless, does not accuse me
of "crime" of being a woman.


"I will back," he said,
pressing my shoulders.
One almost hope
to my soul under rubble.


O! Deceit! ... do not talk
to breeze of twilight
that gladdens my hair
under shadow of my shawl.
In the dark times
promises to soon
only meets the north wind,
the precursor of the snow
it freezes my tears
in crystal drops.


He did not say, but I know
 someone wants him back...
is against my law
heal my wounds
with the pain of another woman.


At close of the curtains
 this story without endless.
That ship, enter the fog,
that blurs my dreams
on water of this sea,
also carry with it
my sorrows of love!




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